terça-feira, 19 de junho de 2012

O meu conto de fadas invertido


Gabrielle Letícia Albuquerque Silva - 9º "A" PCC 
            Eu estava ali novamente. Aquele lugar me remetia para onde eu não queria voltar, mas, eu precisava, precisava mesmo enfrentar o meu passado. Ele já foi por muito tempo um obstáculo na minha vida. Não poderia permitir que continuasse a ser. A cada passo que eu dava em direção aquele balanço, minhas pernas ameaçavam falhar e o meu coração parar. Meu Deus, dai-me forças! Eu implorava a todo momento porque aquilo eu precisava enfrentar. Depois do meu décimo primeiro passo – sim, eu os estava contando para me distrair - eu não lembro o que aconteceu. Tenho a ligeira impressão de que o meu corpo foi covarde comigo. Eu desmaiei. E aquele pesadelo, aproveitando-se de minha fraqueza, apossou-se de mim.
            Eu estava ali naquele parque, que antes era o meu refúgio. Admirava as estrelas que estavam mais belas do que nunca. Estava tão feliz, pois, pela primeira vez o meu amor havia sido correspondido. E o principal: sem interesse na fortuna da minha família. Pela primeira vez em meus quinze anos de idade alguém havia me amado pelo que eu era e não pelo que eu tinha. O brilho nos meus olhos ofuscava o brilho das estrelas. Meu coração transbordava de felicidade.
            Um barulho surgiu por trás daquela árvore – aquela em que eu passava tarde após tarde, repousando enquanto imaginava uma vida diferente – Não liguei, pensei que não era nada e voltei a sonhar acordado. O barulho se repetiu, dessa vez mais intenso. Eram passos naquela grama verde cheia de folhas secas. Me apavorei. Nossa, o que seria? Minhas mãos gelaram e aquela felicidade que antes transbordava, agora parecia evaporar. Mesmo com a voz falha, tomei fôlego e perguntei:
            - Quem está aí?
            Por obra da vida, uma coruja passou, anunciando ao trágicos cinquenta dias que eu iria vivenciar dali em diante. Daquela árvore, que antes era minha amiga, surgiram dois homens mascarados. Eu tentei correr, mas, o medo foi mais forte que eu. Enquanto um me segurava, o outro colocava um capuz preto em minha cabeça. Eu não consegui respirar, só me perguntava quem eram eles e porque roubavam toda a minha alegria, mesmo ela tendo sido tão difícil de ser conquistada. Uma grande pancada deram em minha cabeça e eu mergulhei naquela escuridão. Acordei atordoado, não sabia por quanto tempo havia dormido. Tudo o que me dava acesso ao mundo lá fora era uma brecha, uma brecha que trazia um raio de luz, um raio de luz em meio à escuridão. Meu corpo revidava, minha mente não aceitava aquela injustiça. Eu gritava, pedindo socorro e tudo que me voltava como resposta era o eco da minha voz. Eu gritei durante aqueles malditos quarenta e nove dias. A cada dia, um pouco da minha esperança me abandonava. Os ratos me faziam companhia, juntamente com aqueles homens dizendo que lucrariam muito comigo. Só comia arroz e mortadela. Água, quando me davam era suja, suja como a mente daqueles sequestradores. Por essa situação passei quarenta e nove dias.
            Quando decidi por um fim à minha vida, dei meu último grito de socorro. Não sei se por sorte ou destino, uma menina me escutou. Com a ajuda de seus pais, juntamente com a polícia, ela me salvou. Essa mesma menina, agora uma mulher e minha esposa, me despertava de meu pesadelo. O meu conto de fadas se inverteu novamente: O moçinho em perigo foi salvo pela princesa em seu cavalo branco.

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